SINDICATOS SOB ATAQUE: A DESINFORMAÇÃO COMO FERRAMENTA DE DESMONTE
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A recente reportagem veiculada pelo DFTV2, da Rede Globo, sobre a fila de trabalhadores para entregar declarações de oposição ao desconto da taxa assistencial no sindicato SINDSERVIÇOS, trouxe uma narrativa distorcida e unilateral dos fatos. O enfoque escolhido criminaliza a atuação sindical e desconsidera a importância histórica dos sindicatos na luta por melhores condições de trabalho, salários dignos e direitos conquistados a duras penas.
É fundamental ressaltar que a taxa assistencial é legal e aprovada em assembleia pelos próprios trabalhadores, como prevê a Constituição Federal e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O desconto não é compulsório, e aqueles que desejam se opor ao pagamento têm o direito de fazê-lo – um direito, aliás, que o próprio sindicato assegura democraticamente. No entanto, a forma como a reportagem abordou a questão faz parecer que a cobrança seria uma imposição arbitrária, omitindo o fato de que os benefícios das negociações coletivas alcançam todos os trabalhadores, sindicalizados ou não.
Outro ponto que merece crítica é a forma leviana com que o âncora Antônio de Castro se referiu ao documento entregue pelos trabalhadores, chamando-o de “papelzinho”. Curiosamente, o jornalista, que provavelmente é sindicalizado ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, parece ignorar o papel fundamental da organização sindical na garantia de sua própria profissão e na defesa da liberdade de imprensa. Se hoje jornalistas têm direitos e segurança no trabalho, isso se deve à luta sindical, que, assim como qualquer outra categoria profissional, precisa de recursos para continuar existindo.
A reportagem tampouco problematizou o fato de que muitos trabalhadores estavam na fila porque foram orientados por seus patrões a fazer a entrega do documento. Isso evidencia o avanço do patronato sobre os direitos trabalhistas e a pressão exercida sobre os empregados para enfraquecer suas entidades representativas. Desde a Reforma Trabalhista de 2017, temos assistido a um desmonte sistemático das organizações sindicais, promovido por interesses empresariais que visam dificultar a mobilização dos trabalhadores e fragilizar as negociações coletivas.
A defesa da democracia está diretamente ligada à luta sindical. Os sindicatos são pilares fundamentais na construção de uma sociedade mais justa, garantindo que as vozes dos trabalhadores sejam ouvidas e seus direitos respeitados. O ataque às entidades representativas não é apenas uma tentativa de sufocar a organização dos trabalhadores, mas também um enfraquecimento do próprio processo democrático. Onde há liberdade sindical, há espaço para debate, negociação e participação ativa na construção de políticas públicas que favorecem toda a sociedade.
A cobertura jornalística deveria questionar por que trabalhadores em situação de vulnerabilidade estão sendo levados a abrir mão de um instrumento de luta que garante reajustes, benefícios e assistência jurídica. A pergunta central não é “por que os sindicatos cobram uma taxa?”, mas sim “por que patrões pressionam seus empregados a abrirem mão de seus direitos?”. Infelizmente, o DFTV2 preferiu a abordagem mais cômoda para o empresariado, reforçando uma narrativa que atende aos interesses daqueles que lucram com a desinformação e o enfraquecimento das entidades trabalhistas.
É urgente que a sociedade reconheça que sindicatos fortes significam trabalhadores protegidos, salários dignos e melhores condições de trabalho. A desconstrução desse modelo interessa apenas ao empresariado, que busca transformar direitos conquistados em concessões precárias. Não sejamos ingênuos: onde não há sindicato forte, há exploração desenfreada.