ANO LETIVO COMEÇA COM DESAFIOS E PARTICIPAÇÃO DO SAE-DF REFORÇA REIVINDICAÇÕES DA CATEGORIA

O início do ano letivo no Distrito Federal tem sido marcado por desafios estruturais, sobrecarga de profissionais e falta de recursos, segundo relato de representantes da categoria durante a Comissão Geral realizada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). O debate buscava discutir soluções para os problemas enfrentados pela educação pública e contou com a participação de parlamentares e representantes sindicais.

Sobrecarga de monitores e precarização do trabalho
Victor Hugo, diretor de Relações Institucionais do SAE-DF, destacou a sobrecarga de trabalho e a insuficiência de monitores educacionais na rede pública. Segundo ele, a defasagem no quadro de profissionais compromete o atendimento adequado aos alunos, principalmente os que necessitam de apoio especial.
“Hoje temos cerca de 1.449 monitores para atender uma demanda crescente, enquanto existem cerca de 6.000 educadores sociais voluntários desempenhando funções que deveriam ser ocupadas por profissionais contratados.” Victor Hugo
Hugo enfatizou que essa prática precariza o trabalho na educação pública, além de representar uma afronta aos direitos dos trabalhadores.
“Por que não criar contratos temporários para os monitores, garantindo direitos trabalhistas e segurança para os profissionais? A atividade dos monitores é de fim, não de meio, e precisa ser valorizada”, cobrou.
Além da insuficiência de profissionais, o diretor do SAE-DF relatou casos de violência dentro das escolas devido à má alocação de estudantes em salas superlotadas. Um dos episódios citados envolveu uma monitora diagnosticada com autismo leve, que foi agredida por um aluno com transtorno do espectro autista severo, devido à falta de planejamento no manejo das matrículas.
“Essa profissional foi espancada dentro da sala de aula porque a criança estava superestimulada em um ambiente inadequado. Precisamos urgentemente de uma reorganização e ampliação da estrutura para o atendimento especializado”, alertou Hugo.
Desigualdade salarial e falta de valorização
Outro ponto levantado durante a comissão foi a disparidade salarial entre os profissionais da educação. O deputado Gabriel Magno (PT) ressaltou que os reajustes concedidos recentemente pelo governo não reduziram as desigualdades entre as categorias. “Quando o governo concede um aumento linear de 6%, ele está apenas aumentando a distância entre os maiores e os menores salários da rede pública”, criticou o parlamentar. Ele defendeu a necessidade de uma reestruturação da carreira para corrigir distorções históricas, principalmente no caso da carreira de Assistência à Educação.

Hugo reforçou essa questão e destacou a importância de se abrir uma mesa de negociação efetiva entre os trabalhadores e o governo.
“O que a nossa categoria precisa não é apenas de um percentual de reajuste, mas de uma revisão completa dos cargos e funções. Há tempos ouvimos que ‘não há verba’, mas, ao mesmo tempo, assistimos a transferências de milhões de reais de outras áreas para a Educação sem que isso se traduza em valorização dos servidores”, criticou.
Propostas para melhorias
Os participantes da comissão reafirmaram o compromisso de continuar pressionando o governo por melhores condições de trabalho e valorização dos profissionais da educação. A categoria também se prepara para uma nova mobilização em busca da reestruturação da carreira e do cumprimento dos compromissos firmados pelo governo no final da greve de 2023.
O ano letivo começou, mas os desafios para a educação pública no Distrito Federal continuam sem respostas concretas.
Veja o discurso na integra.